quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

NO TEMPLO DA UTI - Joana de Angelis


"Se queres saber o que fazer e como fazer numa UTI, ante os estertores da dor, recorda Jesus curando os enfermos e ressuscitando os mortos. Imita-O e não te surpreenderás com o milagre do amor.
A UTI é um templo de amor. Nela, une-se a mente do médico à mente divina, as mãos do homem às mãos de Deus, a favor da vida!
Os doentes que nela penetram são irmãos necessitados mais dos recursos da enfermagem do amor que da ciência da cura, porque a alma amada é alma curada.
Quando penetrares esse santuário de bênçãos com a missão de salvar, unge-te primeiro com o bálsamo da oração, para que possas auscultar Deus no doente que assistes. Depois, oferece-lhe ao coração aflito a tua vibração de paz e de reconforto. Só assim estarás ligando no Céu o que ligaste na Terra, ou seja, terás aprovado por Deus o amor praticado em Seu nome.
Não perguntes o que é possível fazer ou deixar de fazer. Mas o que deves fazer, porque é no cumprimento do dever que se descobre a luz que afasta as trevas, o amor que consola a dor, e o bem que elimina o mal. Fazes o que deves e Deus fará o resto. E o que Deus faz está bem feito!
Não contamines jamais o ambiente sagrado da UTI com idéias sombrias e sentimentos de fuga ou indiferença, porque nela Deus te vigia os pensamentos e atos que se constituirão os teus depósitos na contabilidade divina, quando chegar um dia a tua vez de paciente, de necessitado da assistência alheia.
UTI pode ser entendida também como União de Todos os Irmãos, em defesa da vida, que é o maior de todos os bens divinos. E lembra-te de que a vida que se leva aí é a vida que se leva para além-túmulo. A bagagem que trazemos na grande viagem é a dos bens ou dos males que ajuntamos aí.
Por isso, não te descures do dever de amar. Que o convívio com a dor não te anestesie a alma. Não auscultes apenas o bater do coração do enfermo. Ouve, além da linguagem da bomba humana, os apelos da alma que te confia a vida e que deseja viver. Sofre com ela, assim como sofrerias se fosses tu o doente, ou alguém do teu coração.
Aguça a tua visão mental e verás nas entrelinhas do prontuário de cada enfermo esta belíssima receita que São Paulo escreveu para ti: “Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos”.
Com a paz de Jesus, nosso Senhor e Mestre.


                           Joana"

RESÍDUO - Salvino Pires Sobrinho




à minha saudosa filha Carolina




do sabor me tiraram o doce
da ternura me apagaram o olhar
do carinho me arrancaram o calor
da alegria me levaram o motivo
a parte que dói deixaram comigo

CANÇÃO DO EXÍLIO - Gonçalves Dias


Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

CANÇÃO - Mário Quintana




Minha terra não tem palmeiras …
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem refúgios,
Cada qual com a sua hora
Nos mais diversos instantes …
Mas onde o instante de agora?
Mas a palavra “onde”?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus de minha terra.
Eu canto a Canção do Exílio.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

TROVAS DO SÊNECA - Soares da Cunha



Olho o céu, olho as montanhas,
Olho uma nuvem passar...
E acabo me convencendo
Que a alma é função do olhar.